11/20/2014

Desventuras na estrada [Conto]

Desventuras na estrada



No último segundo do ano, qual será o seu pedido?

Que você tenha mais sorte? Saúde? Dinheiro? Amor? Bom, eu só desejei que minha vida mudasse, mas isso foi no último ano novo e o relógio ainda não deu sua última badalada do ano, e a famosa bola de Times Square ainda não desceu, então sim, meu desejo ainda pode se realizar.

Noite de Ano Novo, vamos ver... Famílias reunidas para uma ceia, amigos reunidos para festejar, pessoas comemorando em todo lugar e aqui estou eu trancado em casa a uma hora da cidade mais bonita e mágica do Rio Grande do Sul, Gramado, e porque eu estou nessa situação? Vejamos...

-Não mãe, eu não quero ir para a casa da Tia Lu só pra ficar lá sentado em um canto vendo os outros parentes se embebedarem a agiram como idiotas, obrigado pela consideração maravilhosa. –Falei, usando todo o sarcasmo que podia.

-E você vai ficar aqui sozinho? Quem vai te levar lá depois?

-Pode acreditar vou ficar muito melhor aqui sozinho, o Vinicius vai levar a Carol pra casa da avó dela de noite, eu posso pegar uma carona.

-Ta bom, mas é bom você aparecer lá. –Disse ela, apontando o dedo pra mim.
-Pode deixar, infelizmente eu vou aparecer lá.

... 

-Vi, oi, você me da uma carona pra casa da minha tia quando você for levar a Carol?

-Claro, mas só se a gente puder esperar ai até dar a hora, não aguento mais esses parentes andando de um lado pro outro.

-Fechado.

*TOC TOC*

-Eai cara, aproveitando muito o ano novo? - Perguntou Vi, mesmo sabendo a resposta.

-Nossa, você não faz idéia do quanto. –Respondi.

-Oi Ca.

-Você viu na TV? Ta nevando! –Falou ela, toda animada.

-Obviamente ia nevar, com o frio que ta fazendo ia ser surpresa é se não nevasse. Direto pra sala, tem pipoca e Coca-Cola.

-Perfeito. –Disseram os dois em uníssono.

Estávamos assistindo ao filme Noite de Ano Novo que mostra basicamente a história de diversos personagens na noite de ano novo, o filme inteiro é muito legal, mas a melhor parte é o discurso que a presidente da aliança da Times Square faz. O discurso era tão profundo e emocionante que eu sabia de de cór, eu queria que todos tivessem aquele espírito de ano novo.

“É suspenso lá para nós, antes de estourarmos o champanhe e celebrarmos o ano novo, pararmos e refletirmos sobre o ano novo.
Para lembrarmos tanto dos triunfos quanto dos erros, das nossas promessas feitas e quebradas.
O tempo em que nos abrimos para grandes aventuras ou nos fecharmos por medo de se machucar, pois é para isso que o ano novo serve, ter outra chance. Uma chance para perdoar, para fazer melhor, da mais, amar mais. Parar de se importar com o que foi e começar a se preocupar com o que vai ser. Então quando aquele globo cair à meia noite, e ele vai cair, lembrando-nos de ser bons uns com outros, gentis uns com outros. E não apenas esta noite, mas durante o ano todo.”

-Esse realmente é o espírito do ano novo. –Falou Carol, com uma mão no coração e os olhos um pouco marejados.

-Infelizmente hoje em dia ninguém se importa mais com isso, só querem saber de festejar, mas nem sabem direito porque estão festejando.

-Como diz nosso querido capitão Jack Sparrow. –Interrompeu Vi. –O mundo é o mesmo, mas com menos razões para se viver.

-Que mórbido. –Falei. –E triste.

Continua...

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